Essas coisas, logo aí embaixo... Palavras ditadas por um Ghost Writer.

18 de jul. de 2011

Candy Candy Blues

desculpa garota
se sou tão complicado
tão atrapalhado
atrasando tua vida
ao fazer sombra ao teu lado

mas é que toda a manhã
eu acordo e luto
contra a cristã moral
da minha cruz a pesar

e se ela me faz
tão altruísta e legal
também não deixa mostrar
nada além da Razão


e se você pensa que
estou aqui
a me divertir

você se enganou
montar todo esse circo
exige alguma atenção

e se você pensa que
realmente
eu não me importo

você se enganou
algum momento/movimento
você perdeu o refrão
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O texto é de junho, mas ainda dialoga muito com a realidade. A postagem é pra marcar minha ENÉSIMA tentativa de "escrever" em versos - pra colocar melodia e tals... Música. Tou tentando abandonar essa 'Estética da Bundamolice' mas, porenquanto, "es lo que hay (Pablo!)". Mark Lanegan (e Tom Waits) faz(em) isso com MUITO mais propriedade...

Mudando a abordagem - tentando , a partir de agora tou tentando voltar a temática do dia-a-dia e suas desigualdades sociais que eu expressava lááá no passado, nos escritos punks perdidos nas caixas de papelão do quarto, no notebook furtado por sei-lá-quem EM HORÁRIO DE TRABALHO e não reembolsado por empregador(es) filho(s)-da-puta. Contudo, hoje, a sutileza e o detalhe é que dão o tom, ao invés do grito panfletário.

Vamovê no que dá (e SE dá em algo)...
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31 de mai. de 2011

Pinguim

O pinguim da geladeira balança e a porta está entreaberta. Um engradado de latinhas (daquelas que não são as preferidas, mas fazem o mesmo efeito destas após alguns goles gelados). "Esperava te reencontrar, mas não esperava que fosse assim", ele considerou, ofegante.

Ela não o encarava - ambos olhavam na mesma direção, apesar das posições diferentes. Seguia com as mãos apoiadas, mas já sem a cerveja na mão. "Não tá gostando?", ela rebateu. Suspiros. As coisas nunca tinham chegado a esse ponto por receio dele - ter quase nada é melhor do que arriscar perder o pouco que se pode manter. Charme dela, que não faria o papel ativo d'uma relação uma vez mais - quebrar a cara sucessivas vezes diminui a sensibilidade, enfim.

Ele tenta não se entregar ao troféu da astúcia, não pecar pela afobação. Perder o controle seria perder a oportunidade. Ela se inclina um pouco mais, joga as mãos para trás - como se estivesse a procurar algo. Eles se aproximam (ainda) mais. Ele reclama o beliscão, mas elogia a nuca descerrada a sua frente - morderia se não lhe parecesse demasiado incisivo, brutal. Língua, saliva e lábios acabaram por saciar, afinal, o anseio oral.

Ela regozija-se, aumenta o ritmo da dança - pés quase (quase!) imóveis, todos os passos se dão acima dos joelhos. Algumas palavras soltas. Indizíveis, ininteligíveis. Onomatopéias(?). "Vamos continuar isso no quarto, hein?", ela sugere. Ele nunca lhe diria não. Talvez, por um viés tradicional-Século-XVIII, ela fosse o "Homem" da situação.
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3 de mai. de 2011

Não Poesia



Poesia é poesia
Porque eu digo que é poesia
Porque alguém afirma que é
Poesia

Poesia pode ser rima, pode ser trama
Pode ser foto
Pode ser nada

Poesia é invenção da cabeça
E só na cabeça funciona

Poesia pode ser rica, pode ser pobre
Pode ser tudo, pode ser nada
Até um amontoado
De afirmações desencontradas
Relativismo desconcertante!
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(Essa eu escrevi na Feira do Livro do ano passado - 2010 - como mostra o REGISTRO fotográfico. Ia inscrever para o "Poemas no Ônibus", doidêra... Bateu preguiça de imprimir TROCENTAS vias, colocar num envelope e entregá-la.)
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8 de abr. de 2011

MeninaUmDoisTrêsQuatro

Garota Um já não importa mais
Não por si mas sim por atitudes
Vis valores de outrem revelados

Garota Dois às vezes vem
Mas quando Eu vou se vai
E quando Eu desisto d'ir
Então aí é que vem mesmo

Garota Três me inspira e reanima
E ainda por cima irradia simpatia
Mas parece que só isso; Não
imagina ou ignora minha vontade

Garota Quatro agora apareceu
Exala entusiasmo juvenil
E daquele Quê Meridional
Talqual Woman One, idealização



Ninguém salva o meu aperto
Enquanto salvo mais um cordeiro
Quero-as todas
Elas todas são só
Uma
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15 de mar. de 2011

Dominando o mundo!

Tá bom, nem é tanto assim. Mas é um passo interessante, com absoluta certeza. Meu último texto, uma resenha sobre o IV Sinewave Festival - chamada "Acadêmicos da Distorção, ou IV Sinewave Festival" -, está no blog do Remix ZH. A coluna é "o JK indie-rockeiro no prédio do Segundo Caderno, na Zero Hora".
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Vai lá comenta. O link taí, ó:
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Abaixo, um print da página, só pra dar um gostinho/te incetivar a ir atrás:

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10 de mar. de 2011

É isso o que eu tenho pra te dizer




(O flyer explica tudo. Há um ano fico bobo toda vez que a On The Rocks tem nova edição, hahaha!)

14 de fev. de 2011

Uma noite na Capital com MESS e Walverdes


Quarta-feira. Chuva, pouca grana & correrias mil. Cabeça pedindo um escape. Som (bom e) alto, trago e diálogos despretensiosos – despretensiosos mesmo? Desde a semana anterior tentando decidir, ir ou não ir. Apresentações fodonas e gente legal: ir. Sem tempo, deslocamentos insanos e gastos proibitivos: não ir. Gtalk piscando aqui e ali: ir certamente.

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O 'ir ou não ir' em questão se referia à edição do projeto “Las Locas Quartas del Dr. Jekyll”, que na edição da última semana colocou no palco(?) do bar as bandas MESS e Walverdes. Decisão tomada (ir!), rumei de Gravataí (aka Bromelândia) à Capital da Província, HAPPY HARBOUR – segundo Paul McCartney, orientado por nativos.

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Ônibus esparsos, percurso longo. Neil Young embalando o passeio noturno. Rock n' roll can never die. Próximo a meia-noite encontro o MANO Taiguara no centrão de Poa – Camelódromo feelings. Subimos a Dr. Flores, uma rua pra cá, outra pra lá... Caímos na Cidade Baixa.

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Na chegada ao Jekyll, indecisão (1) e surpresa (2): 'pegar uma ceva no Bell's? (1)' e 'bastante gente pra uma quarta de fevereiro! (2)'. Não fomos ao Bell's e, pelo calor e a caminhada, pegamos a primeira CEWA no recinto dos shows - antes, na fila para a entrada já ouvia um Kyuss rolando lá dentro. Sorri virtualmente.

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Aos duros, Kaiser. Sendo gelada numa noite quente, ótimo. Ao entrar a exclamação da chegada se reafirma: realmente tem bastante gente, mais do que o habitual, ao que parece. Também anormal, aparentemente, o número de moças – E Deus salve o verão e seus tecidos esvoaçantes/curtos/justos. It's only rock n' roll. But I like it.

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E aí vai-se encontrando o pessoal de sempre. Ou de nem sempre. O Tito, da Telecines (de anos em festa), a Alessandra, da Lautmusik, o Andrio (Superguidis, Urso e um TC sobre Nirvana que vai pra gaveta?) e mais um ou outro que eu cumprimentei – péssimo hábito esse de não mirar o rosto das pessoas. Um outro tanto de gente que eu conheço, mas pela bicho-do-matisse-aguda não acenei. E a Jana(ína), moça que tava de DIDJÊI, e pra qual eu já tinha dado um ou outro pitaco – sou chato – musical anteriormente.

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Papo aqui, papo ali, não demora muito começa a primeira apresentação.

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MESS – A banda, em comparação aos colegas de noite walverdianos, é relativamente nova, mas todo mundo já tem um tempo de estrada com bandas anteriores.

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Vi uma apresentação da banda há cerca de um ano, mas dessa vez eles mostraram uma “presença de palco” diferente. Parece que acharam uma coesão ou sei-lá-o-quê na performance ao vivo que eu não tinha percebido da outra vez – uma coisa que parece fazer transparecer a frase 'nós sabemos o que queremos e o que estamos fazendo' na fisionomia dos integrantes. Talvez dê pra resumir esse monte de metáforas que eu amontoei em um adjetivo: segurança. Isso define a postura dos quatro integrantes.

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A MESS faz referências a PJ Harvey, Mark Lanegan... E, talvez ninguém entenda essa diretamente: Johnny Cash, pelas linhas de baixo e melodias que me lembraram um tanto o country do Homem de Preto – no dia após escrever esse parágrafo descubro que eles iniciaram o show com uma versão do cara; tou bem em achismos e adivinhações, hehe.


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O ritmo das músicas fez o público se remexer (dançar?) displicentemente, devagar. (Nota mental: a MESS tem um som MASSA pra chamar uma mina pra dançar junto, numas de #vemcáminhanega.).“Don't Mess with my Heart”, já registrada em gravação pela banda, parece mais pulsante e envolvente ao vivo. Musicão. E me ganharam, num golpe baixo, quando tocaram uma versão de “Make It Wit Chu”, do QotSA. Tocar um som da banda mais foda do planeta é covardia. Mas, provando serem mais malvados, fecharam a noite com (a já citada) PJ. Curto-os cada vez mais. Do it too!

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Mais discotecagem, mais contato (anti)social. Mais CEWA – agradeço a quem me cedeu goles quando meus copinhos plásticos secavam. Tempo pra descobrir que, mesmo com o tempo nublado, a temperatura não chegou a um totalmente confortável para sair de calças. Mesmo a noite. Calor = CEWA sempre à mão. No som, entre outras cousas, um ou outro 'hit' da madrugada da eMeTeVê.

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Começa a seção de WALVERDIANAS.

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(É interessante registrar que faz algum tempo que eu tento cumprir uma meta em shows da Walverdes: me comportar, parecer um guri 'direito'. Explico: sempre quando ouço os caras perco – ainda mais! – a noção social. Começo a pular e bater cabeça em movimentos caóticos e, sabe-se, isso é meio 'incomum' no meio portoalegrense, onde a maioria do pessoal preza MUITO pela pose e pelo penteado, hehehe. Essa reação involuntária acaba atrapalhando 'outras ações noturnas', como ARTICULAR um #eaêminabelezza? pra umas loirinhas aparentemente simpáticas postadas no entorno, na hora do show. Mas enfim, azar... Uma vez mais passei por cima dessa resolução.)

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Poisentão. A Walverdes iniciou os trabalhos da noite com “Altos e Baixos”, do monolítico Playback, de 2005. E o que veio depois foram mais pedradas. A ordem delas a (falha) memória não me entrega, mas ouvi “Saturno”, “Viajando na AM” (que fazia algum tempo que não aparecia nos setlists da banda, pelo que lembro), “O Mundo Não Pode Parar”. Após umas quatro ou cinco músicas o Mini reclama da voz, que está acabando. O Andrio, que também tava ali frente ao palco é recrutado e assume o microfone. Eles mandam “Suck You Dry”, do Mudhoney, e “Breed”, clássicão do Nirvana (do ainda mais clássico Nevermind, hoje um rapaz prestes a completar VINTE anos).

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Também tiveram, claro, músicas novas, como “Basalto” e “Não Edifício”. Interessante o uso desses trocadilhos nas letras – 'mais alto' e 'não é difícil', respectivamente. Certamente a gramática tem uma definição pra isso. Eu não lembro. As canções do recém lançado “Breakdance” parecem minimalistas (não é trocadilho com a coluna do Mini na Oi FM, hehe!), mais 'retas' em comparação ao peso do disco antecessor.

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E eles ainda tocaram uma pérola que (pelo menos) eu nunca vi entre os mp3 da banda – lapso meu? –, “Adeus Mussum”. Música essa que provavelmente não se chama Adeus Mussum, e que cita, além do Rei do Mé, outras personas 'idas' como Mário Quintana, Bukowski, Teixeirinha e Kurt Cobain.

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Após o final com o medley walverdiano de Swett Leaf e uma faixa instrumental que aparece no final do Playback, o Jekyll volta a discotecagem. Hora de pagar a comanda e pensar na hora pra pegar o ônibus pra voltar à PÁTRIA GRAVATAIENSE para, horas depois – num bate-e-volta mucho louco – estar novamente batendo perna na Capital. Mais leve e alegre do que antes, certamente.

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(Eu geralmente dou links aos nomes - de bandas, pessoas... - citados nos texto. A preguiça não deixou dessa vez. Erasisso.)

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(Post atualizado com fotos de Theo Portalet)

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